“O Coração nunca é neutro.” - Provérbio Chinês.
Eugen Berthold
Friedrich Brecht , ou Berthold Brecht
( 1898-1956) ;
Dramaturgo e poeta Alemão Modernista, de orientação Marxista
, influenciou o teatro Contemporâneo.
Buscou construir um teatro ÈPICO, - A narrativa só se
completa no palco -, sobretudo em seu grupo “Berliner Ensemble”, em Paris; um de seus países
adotivos após a ascensão Nazista ,na Alemanha. Esteve , por um breve tempo nos
US, onde foi perseguido pelos Macartistas (Caça às Bruxas). Com a derrota de
Hitler e seus acólitos ,retornou para a Alemanha Oriental- o pais fora dividido
em esferas de influencias; desdobramento da “Guerra Fria”.
Assim como outros intelectuais, Heinrich Mann ; por exemplo(irmão
do também escritor Thomas Mann)escolheu o bloco dominado pelos Comunistas ,por
entender que neste contexto teria maior liberdade de expressão...Na verdade ,
foi monitorado até sua morte , pela
STASI - policia secreta stalinista. Tabagista crônico, morreu aos 56 anos de um
ataque cardíaco .
Recebeu influencias de : Stanislavsky,o mestre russo que desenvolveu
um Sistema de representação ( a natureza): O ator deve sentir o que representa:
o “Actors Studio” de New York, abraçou este modelo e “gerou” representantes do
quilate de : Marlon Brando, Al Pacino e Robert De Niro. Outra influencia
teatral foi Meyerhald_ -executado por stalinistas -,que desenvolveu A
Estilização no teatro; síntese de uma época, a ser representada.
Na poesia,forte
influencia foi Shakespeare : o olhar dos oprimidos, a critica às elites feudais
e a busca de novas linguagens: o dialogo entre Prosa e poesia, por ex. . O
Teatro de Brecht , enfim, pretendia ser um instrumento de critica ao sistema
econômico e às ditaduras de então.
Algumas de suas Peças :
“Galileu Galilei”; `”O
Processo de LucuLLus.”; “ O casamento do pequeno Burguês”;
“Mãe coragem.``; “Os fuzis da senhor Carrar.”; “Circulo de giz caucasiano.”; entre outras.
Alguns Poemas:
Da Violência.
“Do rio que tudo arrasta se diz
Que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem.”
Perguntas de um operário que Lê.
“ Quem construiu as portas de Tebas ?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que carregaram as rochas ?
E Babilônia destruída mais de uma vez ?
Quem a construiu de novo ?
Quais as casas de Lima Dourada
Que abrigavam os pedreiros ?
Na noite em que se terminou a Muralha da China
Para onde foram os operários da construção ?
A eterna Roma esta cheia de Arcos do Triunfo.
Quem os construiu ?
Sobre quem triunfavam os césares ?
Bizâncio, tão cantada, só consistia de palácios ?
Mesmo na legendaria Atlântida
Os moribundos chamavam pelos seus escravos
Na noite em que o mar os engolia.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Conquistou sozinho ?
Cesar bateu os Galicos.
Não tinha ao menos um cozinheiro consigo ?
Felipe de Espanha chorou a perda de sua esquadra .
Só ele chorou ?
Frederico II ganhou a guerra dos Sete Anos .
Quem mais ganhou a guerra ?
Cada pagina uma vitoria.
Quem prepara os banquetes ?
De dez em dez anos um grande homem.
Quem paga as suas despesas ?
Tantas Historias.
Tantas perguntas. “
Palavras de um ditador.
“As florestas crescem ainda
Os campos produzem ainda
As cidades ainda estão de pé
Os homens respiram ainda.”
A Mascara do Mal.
“Colocada em minha parede tenho uma peça Japonesa,
Mascara de um demônio maligno,pintada de ouro.
Compassivamente olho
As veias abauladas da fronte que revelam
O esforço que custa ser mau.”
Poesia do Exilio.
“ Nos tempos sombrios
se cantara também ?
Também se cantara
Sobre os tempos sombrios ?”
O Filho do Homem.
“ Na sexta-feira Amarrado
Como se fosse um Bandido,
Jesus com grande alarido
A Pilatos foi levado
Ele O julgando inocente
Ao rei Herodes mandou
E as próprias mãos lavou
Para mostrar-se clemente
Os inimigos mesquinhos
as três horas O açoitaram
E SUA fronte adornaram
Com uma coroa de espinhos
Escarnecido e Humilhado
Entre golpes Avançava
E a cruz nos Ombros Levava
Para ser Crucificado.
As seis horas já Despido,
E Colocado na cruz,
O Seu Sangue em plena luz
Era ali mesmo Vertido.
Os ladrões que tinha ao lado
não cessaram de O ofender
ate´o sol se esconder
ante o povo aglomerado.
``Deus! Porque me abandonou ?´´
Gemeu com voz Apagada ,
E uma esponja avinagrada
Para dar-LHE alguém levou.
Rasga-se o véu por inteiro
Do templo. A terra tremeu
Quando na Cruz Ele deu o Suspiro derradeiro.
Mas já a noite caia
E um soldado junto à Cruz
O Corpo nu de Jesus
Com a sua lança O feria .
Das feridas que O consomem
Sangue e Água ali brotaram.
E foi assim que Trataram
Jesus, o Filho Do Homem.”
Tradução : Edmundo Muniz.
Autor : Marco Antonio E. Da Costa.
Ref. Bibliog. :
Brecht,B.Antologia Poetica. Elo .Rio
de Janeiro,1983.
Peixoto,F.Brecht,vida e obra. Paz e
terra.Rio de Janeiro,1974.