CENTURIÂO.
Um
conto Cristão.
“ A vida e´ breve e frágil como as flores das cerejeiras.”
Provérbio Japonês.
.jpg)
Quintus Glaucus, entrou na taverna com dois Miles
(soldados)e pediu uma ânfora de vinho.O dia fora cansativo na longínqua província
Romana da Iudaea (Judéia).A região era
árida e seca, o povo estranho, com suas crendices místicas do deserto.Ensinado
a obedecer e acostumado a lutar, sentia-se entediado de cumprir sua missão
atual;o censo.Vindo de Roma, capital do Império,sentia falta da família, a bela
esposa Varinia e o pequeno Glaucus, seu amado filho.Seus entes queridos ficaram
em Roma ,por segurança,e ele já servia neste fim de mundo ha 2 anos...Neste período,combateu
rebeldes judeus(zelotes,que propunham destruir Roma pelas armas...),coletou
impostos e foi hostilizado pela população . Começava a achar que servir ali era
um castigo... Não compreendia estes pastores ignorantes, possuía certo
refinamento e vinha de uma família de guerreiros; seus antepassados lutaram com
Cesar na Gália e com Antonio na Partia e nas guerras civis Romanas. Desde que
Pompeu conquistara esta terra, há mais de 60 anos, os nativos mostravam descontentamento.
Passara o dia cadastrando viajantes, gente simples, rude, sofrida. Lembrou
então, de um casal especifico a mulher grávida, conduzida em um burrico pelo marido...
Pareciam bons e amáveis; teve o ímpeto de ajudá-los. Onde estariam? Estava
absorto em seus pensamentos, quando ouviu: ”Centurio!”, um soldado entrou
agitado no local e chamou o oficial. Relatou que vira um movimento inusitado de
pastores para àquela hora da noite. De imediato, Glaucus recolocou seu Galae (capacete)
e acompanhado de seus subalternos saiu a rua.
A noite estava calma e soprava uma brisa fresca, caminhou
com seus homens pelas ruas e , súbito ,sentiu um tremor ao ver uma estrela no
horizonte.Como que atraído por ela, afastou-se de seus soldados e adentrou as
sombras das perigosas noites de Jerusalém.Muitos Romanos já haviam tombado em
emboscadas naquela cidade.Em uma esquina, oculto pela penumbra, estava Isaac,um
dos chefes rebeldes.Este ao ver a patente do solitário Romano, sorriu e retirou
sua adaga da túnica.Como um predador a espera da vitima ,aguardava a aproximação
do oficial...O centurião admirava o céu, distraído,quando se aproximou do
rebelde ;que levantou a adaga para desfechar o golpe fatal;mas não conseguiu,
permanecia estático com o braço erguido, como que imobilizado por força invisível,a
luz do luar incidiu sobre a adaga, o que chamou a atenção de Glaucus que,de imediato ,levou a mão ao seu gladius
(espada), no entanto, não conseguiu retira-lo da bainha. Acostumado aos
combates, não entendeu a própria dificuldade, ele também imobilizado por
estranho sentimento. A adaga caiu e o oficial Romano não conseguiu sacar sua arma.
Inertes, ficaram se fitando por segundos, que parecia uma eternidade. Imóveis, foram
envolvidos por um sentimento de paz, sob a luz da estrela.
Após este instante mágico, os dois se afastaram, enquanto no
horizonte a estrela conduzia uma humilde família a uma estrebaria.Glaucus,ainda
confuso, considerou que teve o inimigo ao alcance da espada,mas, seu coração
estava leve e tranqüilo.Como se tivesse cumprido seu dever...De volta ao
quartel,retirou a lorica segmentata (armadura),sentou-se na mureta da fortaleza
e ,calmo,deixou-se envolver pela felicidade trazida por aquela noite
singular.
Autor: Marco Antonio E.
Da Costa.